A estória escrita;
1.Dois tipos chateiam-se no Algarve.
2.A coisa azeda e acaba, vai-se lá saber como, com ambos na esquadra.
3.Segundo a polícia (PSP) os dois indivíduos estavam extremamente irritados, logo, foram separados e isolados um do outro.
4.Entretanto, um deles, perde totalmente o controlo, saca da arma e dispara cinco tiros à queima roupa sobre o "companheiro de discussão".
5.Só nessa altura a polícia se apercebe da posse de arma.
6.O baleado vai para o Hospital em estado grave.
7.O actor do disparo é imobilizado, detido e subtraído da arma.
8.Um dia depois, o actor do disparo é presente a juiz que o liberta para aguardar julgamento em liberdade (provavelmente com termo de identidade e residência).
1ª Reflexão: Não percebo porque razão a PSP no seu comunicado, diz que isolou os intervinientes "à civil"! Então como é que após esse isolamento um deles "espeta" com 5 balázios no outro?
Percebo que custe à PSP falar de uma situação em que devia ter controlo total. Mas, não é faltando à verdade que esta força policial vai aproveitar as oportunidades de melhoria e contribuir para optimizar o procedimento de controlo de entradas numa esquadra.
É claro que os polícias têm medo das avaliações da entidade patronal e da opinião pública. Nesta situação, merecem, sem demoras, nota bem negativa, pois não se deve ter medo de ser avaliado, e, acima de tudo não se deve mentir para esconder uma provável falha (ou não!).
2ª Reflexão: As considerações de Rui Pereira (Ministro da Administração Interna) sobre o acontecimento são de um nível "estratosfericamente" ridículo.
O Ministro comparou este caso a um homicídio que aconteceu num tribunal dos E.U.A. à mais de 30 anos atrás. Isto para tentar explicar que estas coisas podem acontecer.
Pela primeira vez um político do poder português, ainda que indirectamente, admite que está mais de 30 anos atrasado em relação à terra do tio Sam. Para o caso, comparar factos com mais de 3 décadas de diferença é no mínimo burrice. Politicamente é um suicídio.
O governo de Sócrates está completamente perdido numa das áreas basilares da acção do estado. Não há política, mas sim uma tentativa de reacção a tipologias de crime, que apesar de avisados, eles sempre negaram existência e crescimento.
Isto para já não falar de algumas declarações de Rui Pereira, que à boa maneira portuguesa, tenta sacudir a "água do capote" na área da segurança (10/09/2008). Desta vez, para o lado do Presidente da República, dizendo que a responsabilidade do atraso na revisão orgânica da GNR deve-se ao atraso na promulgação da respectiva lei...Boa tentativa, meticulosamente planeada, mas, mais uma vez foi um suicídio. Teve uma resposta pelo gabinete do presidente que não permite formar vagas de fundo suspeitas (na opinião pública), em relação aos verdadeiros responsáveis sobre o estado das coisas na administração interna.
3ª Reflexão: Para não cortar na despesa que merece ser cortada, o governo de Sócrates poupou em admissão de novos agentes, na formação, no treino e nos equipamentos. Assim, também na área da administração interna houve opções de investimento/aplicação de recursos que pecaram por defeito.
Depois temos situações caricatas que nos fazem pensar para que servem os nossos impostos. Exemplos? três;
A- Em Abril de 2008, dentro duma esquadra dos arredores de Lisboa, por só haver um agente de serviço, um queixoso não encontra protecção do seu perseguidor(es) que simplesmente "assalta" a esquadra na tentativa de violentar (novamente) o queixoso.
B- Em Setembro de 2008, a esquadra de Carnaxide não tem verbas para fazer a manutenção dos carros. Isaltino Morais afirma emprestar carros se isso for preciso!
C- O caso do Algrave acima relatado. Bem este revela tudo...falta de treino, falta de formação, falta de investimento em detectores de armas...isto tudo custa dinheiro, aquele que só há para fazer favores a grupos do PSI-20 ou a famílias estilo Amorim que deles já não necessitam.
Sugestões para os cortes? Continuem até onde for justo (o governo), a cortar nas regalias excessivas dos juízes que não merecem o que ganham...nem de ordenado nem depois na reforma. À luz do cidadão comum, parecem fazer parte do problema e não da solução. Sim, porque quem deixa ir em liberdade um tipo que tenta o assassinato de forma tão clara, merece ser um foco de grande preocupação para a sociedade.
Ao contrário da convicção de muitos, um dos únicos méritos notáveis deste governo, para mim, não foram medidas como o controlo do défice, mas sim, o iniciar do ataque a algumas corporações que em Portugal sempre tiveram poderes e regalias inusitadas que desiquilibram a nossa sociedade.