Vision 6- Dark Days
O dia 9 de Outubro de 2008, o terceiro dia da semana mais negra dos mercados financeiros este ano, foi o escolhido para eu visitar Wall Street. É caso para dizer que a falta de luminosidade do local, nesta altura, é proporcional às trevas abatidas sob os negócios financeiros nesta rua tornados célebres.
A correcção no consumo privado e o voltar da regulação à banca de investimento parecem ser as preocupações políticas a seguir.
Por outro lado, a "conversa" sobre os prémios dos gestores (e não a actual punição obrigatória), já me parece demagogia ressaibiada de esquerda. A limitação de prémios e ordenados da gestão de topo não deve ser decretada, mas sim avaliada conscientemente por cada organização. Logo, só faz sentido ser imposta pelos governos a gestores das empresas privadas de capitais públicos.
Se os melhores auditores do mundo aprovaram "os activos financeiros tóxicos" então o problema está mesmo na regulação. Admitindo eu novas regras especiais, a ser elaboradas para serviços de auditoria e organismos de regulação, em termos de acesso total à informação sobre os produtos financeiros criados e negociados.
Um estado forte e corajoso no seu papel regulador/árbitro deve, sempre, denunciar publicamente empresas em que lhe pareça haver incentivos para objectivos/propostas que, por serem desenquadradas da conjectura de cada momento, mesmo nas perspectivas mais optimistas, tomam riscos excessivos e perigosos.
Nos E.U.A., agora, depois de "rebentar" a bolha, é fácil e politicamente mais produtivo falar de gestores das empresas de "investimento" financeiro, mas tem a mesma validade e/ou eficácia da abordagem ao excessivo risco tomado por milhares de famílias americanas que inconscientemente pensaram/pensam que a casa é um activo constantemente valorizável independentemente da oferta.
Na Europa, tudo isto se torna mais perigoso quando há políticos ignorantes (muito mais que Bush!). Vejam o exemplo das declarações do primeiro-ministro de Portugal;
1º- Antes da elaboração do plano Paulson e após o apelo de Bush a concertação com Europa para o ataque à crise, o brilhante Sócrates diz algo como isto; "... o problema nasceu nos E.U.A. é exclusivamente americano e é obrigação dos E.U.A. solucionarem o mesmo..." (um pouco no seguimento de uma senhora muito poderosa na Europa que sai muito mal na foto).
2º- Depois de saber que os produtos tóxicos também foram aclamados por bancos de investimento da Europa (ao ponto de terem sido criados "deste lado"). Depois de "rebentarem" tantos bancos na Europa como do "lado de lá", e, depois de alguém lhe ter explicado o significado do efeito dómino nos bancos, o brilhante Sócrates diz isto na semana 42 do ano de 2008; "... a crise exige uma resposta coordenada da Europa...".
Caso para dizer, em quê que ficamos senhor criador do "Magalhães"? (sim, porque não foi a Intel!) ... Sócrates é um ignorante...por isso não percebe a razão do silêncio de outros personagens políticos deste país. Só se deve falar para não dizer disparates...
Fotos- Wall Street no "west side" começa na Trinity Church, diga-se, um local, por esta altura, provavelmente esgotado com investidores a "pedirem" pela vida (foto superior). À esquerda uns metros abaixo, de visita super obrigatória a rua do NY "Stock Exchange".