Ler a AUDITORIA ORIENTADA AO PROGRAMA DE MODERNIZAÇÃO DO PARQUE ESCOLAR DESTINADO AO ENSINO SECUNDÁRIO 2007 A 2010 (Tribunal de Contas), ainda que só as conclusões e partes principais, leva um cidadão nacional forçosamente a concluir pelo seguinte;
1) O Enigma BPN é uma excepção que confirma a regra caracterizadora de um dos verdadeiros problemas sistémicos nacionais, i.e., o estado gere mal, gasta muito e para concretizar uma ideia razoável rebenta com tudo. Ou seja, o afundanço do país é mais fidedignamente caracterizado pela auditoria à 'Parque Escolar' do que pela falência de contornos criminosos do BPN. Como é óbvio e evidente, a nacionalização do BPN em termos de condução catastrófica de dinheiros públicos assemelha-se mais à condução do projecto 'Parque Escolar';
2) Outro dos problemas sistémicos nacionais é de 'prestação de contas'. Nos casos citados estamos longe da responsabilização devida. Não há culpados suficientes, tão pouco confisco de bens suficiente a quem os obteve indevidamente, e, acima de tudo, esclarecimento cabal das histórias por detrás dos números;
3) Por último quero ainda apontar outro problema sistémico da nossa sociedade; 'A mania das grandezas/domínio do Estado'. Tanto no BPN que numa fase inicial dispensava perfeitamente nacionalização, como na 'Parque Escolar' que contratou dos melhores arquitectos e advogados, há claramente essa vertente defeituosa que nos saí caro. Não podíamos ter feito escolas funcionais recorrendo a jovens arquitectos e advogados com valor? É que até Hitler para construir o seu Reich megalómano recorreu a Speer, um jovem arquitecto com talento e pouco trabalho à altura. Escolas são para aprender e não para serem obras de arte. Por outro lado, e porque há memória, não podíamos ter dado a Miguel Beleza a oportunidade monitorizada de salvar o universo SLN/BPN com apenas 700 milhões como ele pedia?
Com a Dra. Judite, jornalista fraca de umbigo grande e nesta situação ridiculamente há procura 'furos', perderam os portugueses. No final não ficámos com mais informação e conhecimento sobretudo devido à insuficiente preparação da digníssima doutora.
Uma hora de perguntas fracas, tempo excessivo a falar do mesmo, e , aqui e ali, demonstrações de desconhecimento por parte da Dra. Judite fizeram deste espaço televisivo um claro passeio triunfal para Pedro Passos Coelho (PPC) que usa e abusa da paciência para com ignorantes armados ao cucos -talvez mais atrevimento a expor o ridículo da entrevistadora lhe ficasse bem. O resultado final são as tiradas do Primeiro-Ministro cirurgicamente escolhidas e recortadas pelas redacções. Nada de sumo novo para beber... também não era esperado.
Talvez as únicas notas positivas serão o continuar da prudência/realismo de PPC e o reafirmar que há contractos leoninos no sector energético e das PPP's que são para negociar em benefício da economia/portugueses. Vamos a eles...
Aceitam-se C.V's para administrador não executivo da PT -via Caixa Geral de Depósitos. Eu próprio os entregarei em mão na sede do banco estatal e Ministério das Finanças!
Shame on you Vítor Gaspar. Passos Coelho, are you suffering from mental condition? Alzheimer?
1ªNota: Até 2011, exceptuando o aspecto do preço ao consumidor final, a política energética portuguesa era temática consensual. Salvo um ou dois potenciais interessados no nuclear, meia dúzia de especialistas com pouco palco e raros notáveis da esfera política, passou razoavelmente bem pelos pingos da chuva. Nem tão pouco, até 2011, cresceu algum tipo de onda de indignação generalizada sob os apoios excessivos aos operadores energéticos.
2ªNota: Em Maio de 2011 veio a Troika e o seu dinheiro. Alertada para lucros excessivos e distorções de mercado rapidamente impõe como obrigação a revisão da subsidiação ao sector (se li bem era para o 4º trimestre de 2011).
3ªNota: E num passo da magia acordámos colectivamente para o escândalo dos subsídios à produção de energia. Que Pedro Passos Coelho teria forçosamente que resolver – também ele concordava com tal acusação. De repente desata toda a gente a contestar as opções do passado num histerismo que confesso me impressiona pela carga de amnésia em si contido, numa conduta como se coisa nova fosse. Exigiu-se à nova tutela/governo o devido corte. Com a sua razão o novo Secretário de Estado da pasta (agora já Ex) queria fazê-lo depressa e à sua maneira.
4ªNota: Mas como na vida real por fortes e variadas entropias o que deve nem sempre é exactamente feito, cedo percebeu que as suas ideias não iam vingar sem fortes resistências e ameaças, incluindo as legais/contratuais. Bateu com a porta. Provavelmente, os seus objectivos e metodologias careciam da correcção pelo coeficiente de ‘realidade’ tanto na forma como na substância, não o quis aceitar. Aguardo avidamente por explicações em discurso directo.
5ªNota: Dadas as circunstâncias sou daqueles que vê nesta demissão um mal menor para o governo. Assenta bem o discurso ‘do perdeu-se um homem mas a guerra continua’ – desde já ensaiado pelo Ministro da Economia -, para além de toda a publicidade negativa a que os operadores ficaram sujeitos. Um acordo parece inevitável a meio caminho dos interesses de ambas as partes, assim o Governo não deixe cair o tema. E acho bem que pense em cortes que se vejam a afectar também a EDP, se não o fizer haverá custos letais de credibilidade.
6ªNota: O Governo errará se usar como justificativa para a não acção nesta temática o facto da venda aos Chineses -dos 25% da EDP- estar incompleta, parece-me pouco feliz. Não deve ser usada. Se a seriedade o pauta em todas as situações deveria ter ido para o mercado com essa informação claramente inscrita nas condicionantes do negócio.
7ªNota: Por fim, espero que num país do 8 e 80 não se parta de uma situação de favor para uma situação desfavorável, nomeadamente nas energias renováveis. Não se justificam negócios sem risco por tempo excessivo, mas os seus incentivos (ou desincentivos às outras) não devem desaparecer totalmente.
O Governo, sem dúvida alguma, tem como ponto fraco o seu Marketing e Comunicação. Vejamos os dois casos da semana que são disso exemplo;
As excepções aos cortes salariais na TAP e CGD- Como foi anunciado nos media, aposto que meio mundo ficou com a ideia que na TAP e CGD não havia corte no subsídio de Natal e Férias, até eu, por falta de tempo, só li as 'gordas' durante a semana, fiquei com dúvidas. O Governo não se apressou de uma forma clara em plataformas chave a arrumar o assunto. Foi necessário chegar a Sábado para todos perceberem claramente do que se falava. Afinal as empresas apenas estão isentas do corte directo, decidido em 2011 e mantido para 2012, de 5% ou 10% nos salários base dos seus funcionários.
Pior que isso, o Governo não teve a arte de imediatamente 'vender' o facto de tanto em 2011, como para 2012, essas empresas cumpriram (2011) ou vão cumprir (2012) a meta de poupança de outra forma, i.e., em contenções nas retribuições variáveis.
O duplo pagamento à LusoPonte- Clamoroso o erro de não publicitar clara e sonoramente o paracer da entidade reguladora (INIR- Instituto de Infra-Estruturas Rodoviárias), bem como, o facto de se estar em renogociação desta concessão que quando findada, evidentemente, descontará o efectivo subsídio dado à Lusoponte por conta de ocorrência que afinal não se verificou. Mais uma vez foi tudo muito tarde e confuso. Até a mim me obrigaram a verificar várias fontes e factos. Bem sei que o caso tem questões jurídicas pouco explicáveis, mas exige-se mais aos governantes em termos de comunicação.
Sugestão de Leitura para os membros do Governo
O CD 'Hurry Up, We're Dreaming' dos M83, a comprar este fim-de-semana, vai fazer parte do porta-luvas do meu companheiro Fiat.
Juro que ontem ao ver e ouvir na TV aquele deputado do 'ponham-se finos senão não pagamos' fiquei perplexo! Então não é que o PS, aproveitando a boleia do BE, lembrou-se de um inquérito parlamentar para analisar a venda do BPN!? Até aqui tudo bem, apoiado. Agora inaceitável é não incluir também no âmbito desse inquérito a gestão da entidade finenceira -desde a nacionalização até agora.
Por quem eles nos tomam? A instrumentalização do inquérito parlamentar visando exclusivamente interesses partidários é óbvia. Trabalhar para esclarecer mais sobre o que se passou desde 2009 no BPN (e SLN) pelos vistos não interessa. O povo que paga impostos não interessa. Quererá o novo PS ser levado a sério? É que desde a nacionalização já lá vão alguns biliões, os da SLN a voar e os da CGD enterrados. Em termos de custo para os contribuintes qual a razão para o último bilião ser diferente dos anteriores?