Vigo, Agosto de 2012. Nas minhas incursões automobilísticas pelas médias/grandes cidades de Espanha desta vez parei numa com uma baía bonita, praias engraçadas, muita vida marítima e um centro sem grande graça. Fiquei surpreso com a dimensão, agitação e concentração predial. É um daqueles locais para viver ou fazer negócios e não tanto para visitar com expectativas turísticas, pese embora a forma bonita como a cidade encontra o seu mar.
Por desleixo ou desconhecimento, ou se calhar as duas coisas, o país chegou onde chegou. O povo sabe pouco, não se interessa e pensa que tudo se resolve apesar dos erros clamorosos. Eu também acho que se resolve agora não é do 'pé para a mão' com falsas novas oportunidades, é com esforço, dedicação e porque errámos muito...com sofrimento!
Uma análise séria destes e outros que se poderão juntar como o PIB per capita, população, investimento por atleta, destrói alguns dos argumentos que andam por aí para justificar ausência de medalhas. A nível Europeu ficámos pelas minhas contas em 35º, e, quanto mais se amplifica amostra, por inclusão dos outros continentes, descemos 34 lugares (69º). Seria bom que os que pedem sempre mais investimento, infra-estruturas e profissionalismo, deitem uma olhadela para os países à nossa frente nas tabelas, assim talvez percebam que o problema não está na aplicação directa ou indirecta de mais dinheiro, ou pelo menos é o menor deles.
Na minha opinião tivemos mais bons resultados que maus, contudo, com o mesmo dinheiro pudemos fazer melhor. Sem esquecer que os dois medalhados de Pequim ficaram em 'casa' classifico a nossa prestação em Londres com 14 valores (0-20).
Já se apressavam os teóricos habituais para lançar culpas para cima dos Governos, pela suposta ausência de política desportiva, quando chega a primeira medalha. Alguns jornalistas, por exemplo do jornal 'A Bola', preparam já choradinhos e corridinhos sobre estratégia nacional para o desporto profissional, como isso fosse competência de um Governo.
Mas mesmo que o preparem é bom que se lembrem, muitas das não medalhas não têm relação com dinheiro/incentivos do Estado 'paizinho'. São confusos os discursos para explicar coisa tão fácil, alguns até metem teorias da educação física nas escolas e dos constantes alertas professorais da disciplina...enfim! Portugal, mesmo que por momentos não pareça é mesmo um país Socialista, se isso não bastasse ignorante também....infelizmente!
Pese embora este desabafo não explique alguns resultados da primeira semana de competição o dito não deixa de ser verdade. Só fico triste por estas declarações serem 'atiradas' para cima da discussão após dois dias de bons resultados. Os atletas que os conseguiram não merecem mínima distracção em prol de dirigentes acossados. Balanços no fim, lamentos para depois. Exigir mais não tem mal! Certamente quem o faz estará disponível para perceber razões de tal ser impossível.
A nossa participação nos jogos de Londres permitiu variar o tipo de frases mais frequentes dos media Portugueses. Na última semana a cassete mudou de 'incumprimento do défice orçamental', 'crise financeira' ou 'subida da taxa de desemprego' para 'afastado nas eliminatórias', 'ficou aquém das expectativas' ou ainda 'falha a final'. Léxico diferente, mesmo estado material e espiritual...
Sem ser optimista delirante espero até ao último dia por mais e melhores resultados, sobretudo superação. Como agora acabei de ver na final dos 10.000m femininos, a nossa fez 14º lugar com personnal best. E este último detalhe marca claramente prestações positivas.