O país político enervou-se com o artigo de 15 de Abril do NY times intitulado "The Next Global Problem: Portugal", por Peter Boone e Simon Johnson. No artigo enumeram-se factos e são assumidos cenários perfeitamente claros. Vejamos:
Factos Enumerados
1. Portugal está permanentemente a emitir dívida pública para pagar juros de dívida pública anterior não estando a resolver os contractos obrigacionistas da forma correcta, i.e., paga dívida e juros com recurso a mais dívida a juro mais alto. Boone e Simon alertam para o facto dos mercados não engolirem este "barrete" durante muito mais tempo (sem consequências graves).
2. Dizem ainda que temos um problema de económico/orçamental que assenta principalmente, mas não só, em dois problemas. O primeiro, o Euro estar excessivamente valorizado face ao Dolar. Segundo, no domínio da carga fiscal, que momentaneamente deveria ser aumentada, não pode sê-lo por já ser estupidamente elevada.
3. Em estilo sentimental, este mestres da economia mundial demonstram pena dos políticos sérios portugueses que defendem o apertar de cinto. Acreditam, pela força dos números, que Portugal não está preparado nem aparenta estofo para isso fazer.
4. Declaram também que os líderes Portugueses não discutiram verdadeiros cortes na despesa para 2010, 2011, 2012 e 2013.
5. Constatam, porque entra pelos olhos a dentro, que nos últimos anos a dívida pública Portuguesa disparou para cerca de 80% do PIB e em 2012 deve chegar a 108%.
6. Finalizam declarando que as previsões orçamentais do PEC 2010-2013 Português são baseadas num Boom económico a nível mundial.
Posto isto, pessoas minimamente esclarecidas e honestas admitiriam estes factos sem pestanejarem. Talvez o último seja um pouco exagerado, mas não tenho conhecimento profundo para ter certeza. Mas não deixa de ser verdade que o nosso governo espera melhorias no PIB graças a aumentos "apresentáveis" na procura externa!
As hipóteses de cenários
1. Simon e Boone, perante números, dizem que Portugal está "on the verge of bankruptcy"!
2. Defendem que, mais tarde ao mais cedo, se não houver apertar de cinto drástico, Portugal percisará de um apoio como aquele que está a ser preparado para a Grécia pela UE.
3. Apontam para o fim do regabofe de gastar o que não se tem (na EU) quando a Alemanha se chatear.
4. Por fim, fazem futurologia sobre o óbvio; A continuar com este ritmo de emissão de dívida nacional, há o sério risco de ela se tornar "junk" no mercado financeiro.
Quanto aos cenários traçados convenhamos que não são nada de inusitado ou especulativo. São reais e coerentes hipóteses de quem, de fora, analisa o país. Vão se concretizar? Não se sabe! Mas também não é dito que sim!
Confundir as causas sabendo qual a consequência
Os de sempre, andam por aí dizendo que o texto de Simon e Boone é o "gatilho" de mais um ataque especulativo do mercado financeiro visando agravar os problemas orçamentais da nossa nação, para que, gananciosos/capitalistas "do exterior", possam enriquecer à nossa conta.
Sabemos bem que o "gatilho" é a incompetência de Sócrates, Teixeira dos Santos e todos aqueles que, sem rendimento no trabalho, gravitam em volta do funcionalismo público nacional. O resto é conversa fiada estilo aquela que Cavaco Silva tem tido para por "paninhos quentes" na situação. Até porque só gostar do mercado e dos capitalistas gananciosos quando nos emprestam dinheiro para vivermos à larga, é muito conveniente, mas já só engana os "usuais" de esquerda. A especulação aproveita os excessos, o nosso está à vista. Atacando a causa minoramos a especulação. Conseguirá Portugal gastar menos com o seu modelo de estado?