Se num dia a Ministra da Saúde com uma extraordinária falta de jeito e sensibilidade política, em plenos holofotes da comunicação social aconselhava; «Deixo um grande apelo às crianças e às famílias que, aproveitando a contenção que é preciso fazer, para fazerem sopa em casa e não gastarem em fast food’, que é mau e mais caro». No dia seguinte, a mesma Comunicação Social (Correio da Manhã edição de 3 de Julho 2010) noticiava que médicos, em troca de fins-de-semana na Penha Longa, com componente de seminário científico de 1 hora, são aliciados a prescrever certo medicamento de determinada marca para determinado fim.
1-Seria importante aconselhar esta ministra “estrumentosa” a preocupar-se bem mais com a regulação e fiscalização do mercado de medicamentos que com a qualidade da “fast food”. Quando se vai ao McDonalds só não sabe o que está a comer quem não quiser. E quanto ao preço, tenho algumas dúvidas que uma boa panela de sopa, realmente nutritiva, seja mais barata que “fast food”. Mesmo neste segmento, já há muita coisa interessante e diversificada que vai ao encontro de preocupações nutritivas e de obesidade. Até nesta vertente da restauração a ministra parece desactualizada. É normal! Quem vive à conta dos nossos impostos, sem isso merecer, deve estar mais habituada a Pabe’s, Tavares Rico, Ganbrinus, Ti Matilde, Sete Mares, Martinhos da Arcada, e outros que tais.
2- Por outro lado, chamaria a atenção da “estrumentosa” ministra para as seguintes questões; Já alguma vez lhe passou pela cabeça que cada vez mais portugueses vêm em muitos médicos, mercenários? Pela minha parte saio sempre dos consultórios a pensar quanto é que o médico vai ganhar com o medicamento que me vai prescrever e será ele mesmo necessário para a minha boa saúde? Já ponderou Ana Jorge que as actuais relações entre médicos, delegados de propaganda médica e indústria farmacêutica são, essas, realmente caras para a população em geral? Quanto é que vai custar ao paciente os fins-de-semana da Penha Longa oferecidos a médicos? Já para não falar na relação de confiança utente médico, cada vez mais afectada e continuamente decrescente.
3- Para acabar, sentindo-me insultado e gozado pela forma como a ministra usou as palavras e o paradigma económico do país, apetece-me, em estilo irónico, propor uma adenda às declarações de Ana Jorge; «Comam sopa em casa, de preferência canja sem frango que é mais barato, e já agora bebam água da fonte, guardem o pão sete dias e voltem às sopas de cavalo cansado... com políticos destes de forma sábia, Ana Jorge, já nos vai preparando para o futuro próximo! Sim, porque na sua cabecinha, quem come “fast food” em Centros Comerciais é porque tem dinheiro e vive bem.» Pessoa muito pequena e medíocre de facto!