Herdade de Cortes de Cima- Vidigueira, 14/10/2010
A vindima acabou hoje na Herdade de Cortes de Cima. Logo, a minha primeira experiência como trabalhador na casa também. Foi uma "vintage" singular e difícil, consequência natural de um ano de muita chuva no Inverno e início de Primavera e calor a rodos no Verão. Possivelmente, algo que apanhou de surpresa as rotineiras práticas do sul, e com isso, já se sabe, vieram algumas dores de cabeça para os vitivinicultores.
Curiosamente, apesar dos alarmes ambientalistas, 2010 contraria a tese do 'prolongamento do deserto' Sahara pelo Alentejo a dentro. Homens do campo dizem mesmo que em alguns locais da Vidigueira já não se via tanta água na terra há três décadas.
Quanto a vinhos, apesar de ser algo cedo e eu seja mais Engenheiro que Enólogo, é facilmente verificável que há na mesma os muito bons -em menor quantidade-, e que no geral a qualidade média situa-se entre o médio mais e o bom.
Destaco desta experiência a aprendizagem de novas técnicas de vinificaçã e a facilidade de adaptação ao local. Fico feliz de com 35 anos ainda ter a humildade de assinar um contracto de Enólogo Estagiário e ir aprender com quem sabe e tem sucesso nacional e internacional no que faz (independentemente de gostar-se muito, pouco ou assim assim do modelo de negócio de Hans Kristian Jorgensen -formatado ao traço secular da gestão/negócio familiar-).
Foram 45 dias intensos e densos. Valeu a pena! Mais uma experiência profissional rumo à construção na minha cabeça daquilo que deve ser a construção de um vinho de assinatura -a minha-. Uma passagem que acima de tudo deixa marca, bem positiva por sinal. É o Portugal que ainda mexe!