O primeiro de um par (ou trio) de anos horríveis acabou! Durante 2010 é fácil encontrar factos maus ou pessoas em baixa, no entanto, dado o estado de espírito, é difícil apontar coisas boas e personalidades de destaque positivo. Mas vamos à minha escolha!
Acontecimentos -
Último lugar: O buraco orçamental nas contas do Estado
O que aconteceu no Estado em 2010? Mais do mesmo com o multiplicador do abuso total. O que se passa com os nossos gestores públicos? O normal! São maus e não se preocupam com a causa pública.
É tempo dos Portugueses livres se revoltarem e considerarem totalmente inaceitável derrapagens financeiras que obriguem a brutais aumentos de impostos, taxas e custos de contexto no sector empresarial privado.
Haverá coragem para culpar os mercados financeiros quando, desde 1970, não existe uma execução orçamental do estado com superavit? Mais grave ainda! Será admissível que projectando orçamentos deficitários, eles no final sejam agravados em cerca de 3000 mil milhões em despesa não controlada? Caso para dizer que todo o governo PS poderia e deveria responder em tribunal pelos seus actos de governação.
Penúltimo lugar: Actuação, decisão e ética dos titulares de cargos de justiça
Que dizer de juízes que condenam mal, trabalham pouco e se portam como gente superior? Que dizer de procuradores pouco competentes que ainda por cima só procuram a verdade quando lhes convém? Que dizer de oficiais de justiça que só se queixam -por não ganharem o dinheiro que não há para distribuir-?
Há dois episódios do ano que traduzem a mediocridade de todos eles! A sentença do caso Casa Pia, pela morosidade e possibilidade de ser anulada (em parte) por erro processual, e o "Face Oculta" pela clara não intenção de dar sequência a toda a matéria probatória recolhida ao abrigo dessa investigação.
Claro que o legislador não se pode por de fora desta catástrofe, mas julgo que em 2010 ficou bem provado que a justiça, independentemente das leis, não é melhor também porque temos maus profissionais da justiça.
Antepenúltimo Lugar: Violência doméstica!
Há dias li num jornal que um juiz deste meu mau país considerou que um homem dar dois estaladões na esposa/namorada não é violência doméstica, mas sim simples atentado à integridade física. Não me parece sensato apoiar decisões deste tipo na medida que, até finais de Novembro, 39 pessoas perderam a vida vítimas deste flagelo. Repito esta nota (já o destaquei em outros finais de ano) pois o número de mortes já é claramente superior às do ano anterior. É preciso actuar e evoluir. Ao menos se neste campo houvesse a mesma ferocidade que encontramos nas multas de trânsito decerto estaríamos bem melhor.
Acontecimentos +
1ºLugar: A pluviosidade
Se há coisa que o destino nos ofereceu de bom foi a quantidade de chuva. Felizmente tivemos um ano que deu para encher algumas albufeiras e descansar alguns fanáticos das secas profundas. Água com fartura é prenúncio de abundância e garantia de uma das condições básicas para a vivência da humanidade. E acreditem! Algo de verdadeiramente positivo para todos...só me lembro disto. Claro que há sempre a excepção que confirma a regra, essa tem a haver com o meu segundo acontecimento positivo.
2ºLugar: A solidariedade nacional para com as cheias na Madeira!
Apesar da água a mais neste ponto particular do país a onda solidária para reconstrução da ilha demonstrou bem a unidade nacional, tendo ficado claro que Portugal é uno e não abdica das suas ilhas -nem a favor dos seus nativos-, sendo que os continentais souberam ser bem mais Madeirenses que os Madeirenses sabem ser Portugueses. A conversa vem a respeito da Madeira, mas poderia perfeitamente ser sobre os Açores e Açorianos.
3ºLugar: O Emmy (prémio para produções televisivas) para a melhor novela a nível mundial
Não resisto a esta nota apesar de não gostar do produto. É um prémio a dividir por todos aqueles que iniciaram a indústria em Portugal. Do Nicolau Breyner, passando pelo grande José Eduardo Moniz até todos os actores que apostaram nesta variante profissional. Obrigado por provarem que é possível competir com os estrangeiros, com os pés na terra, sem pensar exclusivamente no subsídio. Aqui está o resultado!
Pessoas +
1ºLugar: Colégio Nossa Srª do Rosário, Porto
A vencedora é uma pessoa colectiva. E porquê? Simples! Segundo critérios iguais para todos os estabelecimentos de ensino foi considerado o melhor no que a aproveitamento escolar diz respeito.
É privada! Facto que reforça a tendência, impensável há 15/20 anos, que dentro da rede escolar nacional é no sector privado e corporativo que estão as melhores condições para aprendizagem e desenvolvimento -a todos os níveis-. Ora aqui está uma área em que a realidade nos diz que temos que mudar de paradigma nesta vertente do estado social.
2ºLugar: Gonçalo M. Tavares
Ganhou o prémio de melhor obra estrangeira publicada em França com o livro "Aprender a Rezar na Era da Técnica". Dado o país é um feito notável!
3ºLugar: Maria do Carmo Fonseca
Vencedora do Prémio Pessoa 2010 foi distinguida pelo seu trabalho na identificação dos mecanismos de transmissão de mensagens no interior da célula (in Público).
Maria do Carmo Fonseca é professora catedrática e actual directora do Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa. De acordo com o júri desta edição, “a sua contribuição original, que inclui cinco publicações durante o ano de 2010 em revistas de grande prestígio internacional, consiste na identificação dos mecanismos de transmissão de mensagens no interior da célula e tem como objectivo final a melhor compreensão de doenças causadas por erros da natureza que afectam esse processo” (in Público).
Este prémio é também um reconhecimento, por parte da nossa sociedade, que de facto alguns dos nossos investigadores já fazem algo que não seja investigação redundante, aqui e além fronteiras!
Pessoas -
Último lugar: Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças de Portugal
Não percebo como não foi forçado a pedir a demissão. Admitindo que alguém (não eu) pense que ele não tem culpa, ainda se constata coisa pior, i.e., deveria ter saído pelo seu pé, ou, em devido tempo, ter forçado a demissões nos Ministérios gastadores. Porque de três uma, ou não tem competência técnica, ou falta-lhe perfil para o cargo, ou deliberadamente deu cobertura táctica e participada no afundar do país.
Penúltimo lugar: Armando Vara e José Sócrates
A face oculta dos seus modus operandis traduz-se nas trevas que se abatem sobre Portugal!
Os meus concidadãos não se podem queixar de desconhecimento...somente de não querer ver a verdade que lhes foi apresentada à frente dos olhos. O problema é que numa democracia como a nossa, em que os sistemas políticos (permanentes) e de justiça funcionam mal (ou não funcionam), não tenho como me defender deste tipo de senhores.
Último lugar: Cavaco Silva, Presidente da República
Por insistir em não ser presidente das cidadãos de direita! Nunca pensei dizer isto, mas pela sua actuação (ou falta dela), só irei votar para as presidênciais se for necessária (e acontecer) uma segunda volta. Nesse cenário votarei então em Cavaco!