1ªNota: Até 2011, exceptuando o aspecto do preço ao consumidor final, a política energética portuguesa era temática consensual. Salvo um ou dois potenciais interessados no nuclear, meia dúzia de especialistas com pouco palco e raros notáveis da esfera política, passou razoavelmente bem pelos pingos da chuva. Nem tão pouco, até 2011, cresceu algum tipo de onda de indignação generalizada sob os apoios excessivos aos operadores energéticos.
2ªNota: Em Maio de 2011 veio a Troika e o seu dinheiro. Alertada para lucros excessivos e distorções de mercado rapidamente impõe como obrigação a revisão da subsidiação ao sector (se li bem era para o 4º trimestre de 2011).
3ªNota: E num passo da magia acordámos colectivamente para o escândalo dos subsídios à produção de energia. Que Pedro Passos Coelho teria forçosamente que resolver – também ele concordava com tal acusação. De repente desata toda a gente a contestar as opções do passado num histerismo que confesso me impressiona pela carga de amnésia em si contido, numa conduta como se coisa nova fosse. Exigiu-se à nova tutela/governo o devido corte. Com a sua razão o novo Secretário de Estado da pasta (agora já Ex) queria fazê-lo depressa e à sua maneira.
4ªNota: Mas como na vida real por fortes e variadas entropias o que deve nem sempre é exactamente feito, cedo percebeu que as suas ideias não iam vingar sem fortes resistências e ameaças, incluindo as legais/contratuais. Bateu com a porta. Provavelmente, os seus objectivos e metodologias careciam da correcção pelo coeficiente de ‘realidade’ tanto na forma como na substância, não o quis aceitar. Aguardo avidamente por explicações em discurso directo.
5ªNota: Dadas as circunstâncias sou daqueles que vê nesta demissão um mal menor para o governo. Assenta bem o discurso ‘do perdeu-se um homem mas a guerra continua’ – desde já ensaiado pelo Ministro da Economia -, para além de toda a publicidade negativa a que os operadores ficaram sujeitos. Um acordo parece inevitável a meio caminho dos interesses de ambas as partes, assim o Governo não deixe cair o tema. E acho bem que pense em cortes que se vejam a afectar também a EDP, se não o fizer haverá custos letais de credibilidade.
6ªNota: O Governo errará se usar como justificativa para a não acção nesta temática o facto da venda aos Chineses -dos 25% da EDP- estar incompleta, parece-me pouco feliz. Não deve ser usada. Se a seriedade o pauta em todas as situações deveria ter ido para o mercado com essa informação claramente inscrita nas condicionantes do negócio.
7ªNota: Por fim, espero que num país do 8 e 80 não se parta de uma situação de favor para uma situação desfavorável, nomeadamente nas energias renováveis. Não se justificam negócios sem risco por tempo excessivo, mas os seus incentivos (ou desincentivos às outras) não devem desaparecer totalmente.
1ªNota: A venda da posição estatal na EDP! Causa-me desconforto a substituição de capital público nacional por capital público chinês. Mas é razoável admitir que ninguém, na posição dos actuais governantes, decidiria diferente. Agora exige-se é uma regulação forte e sem contemplações para quem entrou num negócio 100% seguro, e, já agora, um acordo parassocial que defenda minimamente os legítimos interesses do país. Engraçado foi nenhum jornalista se ter lembrado de perguntar ou investigar, em que estádio de desenvolvimento tecnológico está o sector de energias renováveis chinês. Nem tão pouco tentar perceber se investem em inovação na área! Essas também são áreas interessantes para nós, visto pagarmos a preço de ouro a putativa vanguarda na energia verde. Perguntas deste género feitas ao governo?...zero!
2ªNota: O 'move' de Alexandre Soares dos Santos (ASS). Perante a incerteza fiscal, para não dizer roubo, ASS deportou a sua holding detentora da cadeia Pingo Doce para a Holanda. Fez muito bem. Ele, tal como eu, não aceita dupla tributação (ainda que apenas uma ameaça para SGPS's). Tenho pena que, se eu quiser comprar acções de uma empresa lucrativa, ao contrário de ASS tenho que pagar imposto sobre possíveis dividendos.